De acordo com levantamentos realizados pela Secretaria Antidrogas do Ministério da Saúde, o número de mulheres que se tornam dependentes do álcool vem crescendo no Brasil. O II Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (Lenad) divulgado em abril do ano passado aponta que 39% das mulheres consomem bebidas alcoólicas com frequência.
As mulheres, por terem uma composição orgânica diferente dos homens, estão mais sujeitas aos males que o consumo de álcool em excesso pode provocar. Além disso, quando viciadas, tendem a se esconder, bebendo em casa, por exemplo. O que dificulta o prognóstico da doença.
A psiquiatra Suzzana Bernardes explica que como a mulher tem mais gordura corporal, o álcool vai mais facilmente para a corrente sanguínea. Ao contrário dos homens, em que a substância vai para os tecidos. “Se um homem e uma mulher começarem a beber, e o fizerem na mesma quantidade, o efeito será sentido primeiro na mulher. Ou seja, ela fica bêbada mais rápida”.
“Quando a pessoa está viciada em álcool, ela perde a capacidade de realização de tarefas e de convívio social. Passando a priorizar atividades em que a bebida está presente. Na verdade, tudo passa a ser motivo para beber”, completa.
Suzzana Bernardes explica que a abstinência de álcool é igual ao de qualquer droga, com alucinações, tremores, perda de consciência. E muitas vezes a internação é necessária. “E é preciso ter cuidado, pois se uma pessoa dependente de álcool parar de beber, não pode voltar mais. Quando isso acontece, não se volta do padrão quando se bebeu a primeira vez, e sim, quando parou”.
Uma das características que diferencia o vício entre homens e mulheres, de acordo com a psiquiatra, é o isolamento. As mulheres tendem a beber em casa e os homens vão para os bares, depois que se já está dependente do álcool.
“Se a pessoa só bebe em um bar e acompanhado de amigos, uma das formas para tratá-la é fazer com que deixe de ir a esse bar e de sair com esses amigos. Mas como fazer isso se a pessoa bebe sozinha em casa? Todos precisam morar em algum lugar e sempre estamos com nós mesmos”, explica Suzzana Bernardes.
Ela também diz que o fato de beber cedo, ainda no início da adolescência, não tem por si só, efeitos sobre a dependência alcóolica. “Isso depende de cada indivíduo, do seu organismo. Os homens começam a beber mais cedo e sentem os efeitos mais tardiamente. As mulheres são o oposto. Elas começam a beber mais tarde que os homens, mas sentem os efeitos do álcool mais cedo”.
As mulheres são, de acordo com a psiquiatra, mais vulneráveis à bebida alcóolica. “Por causa da composição corporal, as mulheres têm mais risco de terem cirrose; acidente vascular cerebral e depressão”.
S
uzzana Bernardes enfatiza que ambos os sexos têm dificuldade em admitir que precisam de ajuda para se livrarem da dependência do álcool e também para obter êxito no tratamento. “O vício tira a liberdade de escolha. É uma prisão”.
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